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ESTRANHO, FANTÁSTICO E MARAVILHOSO

 

1)    Fantástico puro: regras de género fantástico

 

-         1ª regra (obrigatória)

Importa que o texto obriga o leitor a considerar o mundo das personagens (da ficção) como um mundo de pessoas vivas e a hesitar entre uma explicação natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos evocados (insólitos, inesperados).

Natural: o que nos rodeia e nos pode ser explicado pela ciência.

Sobrenatural: só existe na nossa imaginação e não podemos explicá-lo pelas leis da natureza.

As personagens são entidades de ficção mas têm que ter características humanas.

-         2ª regra (facultativa)

Esta hesitação pode ser igualmente experimentada por uma personagem:

-         O papel do leitor é por assim dizer confiado a uma personagem e ao mesmo tempo a hesitação encontra-se representada tornando-se um dos temas da obra.

-         No caso duma leitura ingénua, o leitor real identifica-se com uma personagem.

-         Cumpre que o leitor adopte uma certa atitude a respeito do texto: ele recusará tanto a interpretação alegórica com a interpretação poética.

-         Conclusão

Narrativa + Insólito + Hesitação = Fantástico

 

2)    Estranho puro

 

Relato dos acontecimentos que podem perfeitamente explicar-se pelas leis da razão mas que duma maneira ou de outra se revelam incríveis, extraordinárias, chocantes, singulares, insólitas.

Acontecimento estranho, que por tal razão provoca nas personagens e no leitor uma reacção semelhante a que os textos fantásticos nos tornaram familiar (ex. Todos os alunos chegam às 8h30 numa aula quando de hábito chegam mais tarde, isto explicado pela razão de que tinha sido dito que os alunos que chegassem atrasado a uma aula teriam menos 3 pontos na frequência).

A personagem obrigatoriamente tem que estar representada, tem que achar os acontecimentos estranhos (ex. Literatura do horror: o que nos parece estranho ou mesmo sobrenatural tem uma explicação racional. A única condição do fantástico presente é o medo; Literatura policial: aproxima-se do fantástico através do enigma mas uma vez terminado não deixa dúvidas quanto à ausência de elementos sobrenatural).

 

3)    Fantástico estranho

 

Acontecimentos que pareciam sobrenaturais ao longo da história recebem no fim uma explicação natural. Essa explicação pode se rever a dois factores: o da ilusão ou o da imaginação.

 

-         Real/imaginário: sonho, loucura, drogas.

-         Real/ilusório: acaso, fraude, ilusão.

Acaso: condições meteorológicas que nos permitem ter uma ilusão (ex. Miragem, a noite come o sol).

Ilusão: há sempre uma explicação, efeitos especiais que dão uma aparência sobrenatural.

 

4)    Fantástico maravilhoso

 

Classe de narrativas que se apresentam como fantásticas mas que terminam com uma aceitação do sobrenatural. As personagens são obrigadas a reagir (ex. medo), os acontecimentos explicam-se por razões sobrenaturais.

Essas narrativas são próximas do fantástico puro mesmo que não aparecem explicadas sugerem claramente a existência do sobrenatural.

-         maravilhoso hiperbólico: exagero

Os fenómenos narrados só são sobrenaturais pelas suas dimensões superiores às que nos são familiares (ex. Aparição dum peixe com dimensões superiores às que admitimos possíveis).

 

-         maravilhoso exótico: espaço desconhecido

O insólito dá-nos uma sensação de maravilhoso num espaço desconhecido pelo leitor. Narram-se aqui acontecimentos sobrenaturais sem os apresentar como tal. Supõe que o receptor implícito (leitor) desses contos não conhece as regiões onde se desenrola os acontecimentos  não havendo por consequência razões para os pôr em dúvida.

 

-         maravilhoso instrumental: instrumento

Aparecem aqui pequenos dispositivos, aperfeiçoamentos técnicos irrealizáveis na época descrita mas afinal perfeitamente possíveis. Não se explica porque é que os objectos têm essa função (ex. Tapete voador. Hoje já não é tão maravilhoso porque o homem voa).

 

-         maravilhoso científico (ou ficção científica)

Aqui há tentativa de explicação do funcionamento do instrumento, por leis que ainda estão por se definir e que muitas vezes são erradas. O sobrenatural é explicado duma maneira racional mas a partir de leis que a ciência contemporânea não reconhece.

 

5)    Maravilhoso puro

 

Elementos sobrenaturais que não provoquem qualquer reacção especial, nem das personagens, nem do leitor. A presença duma bruxa ou dum gigante não provoca a reacção de duvidar que as bruxas existem (ex. Contos de Fadas).

A alegoria